A sua empresa e seus colaboradores conhecem o terceiro setor? Saiba que o tema cresceu muito durante a pandemia. Em entrevista ao nosso canal, no Youtube, César Gouveia, idealizador projeto Vozes das Periferias, falou do crescimento do número de doações no Brasil, nos últimos meses, e que as empresas estão cada vez mais preocupadas em direcionar ações para o terceiro setor. Confira:

RP2 SM - Antes da pandemia, como estava a sua área de atuação? 

César Gouveia - Nosso projeto sempre teve como foco a transformação da vida das pessoas e famílias que moram nas favelas da Vila Prudente. Para isso começamos com os projetos de comunicação e formação na área, após isso passamos a impactar essas famílias oferecendo atividade de esporte para seus filhos e filhas e recentemente ampliamos essa atuação para a oferta também de atividades de cultura. Ou seja, antes da pandemia nossa atuação focava em oferecer oportunidades de acesso para essas famílias de baixa renda à cultura, ao esporte, à qualificação profissional e por consequência às grandes oportunidades de geração de renda.

RP2 - Após o início da pandemia, como ficou o seu cenário?

CG - Após o início da pandemia nossa atuação se voltou prioritariamente nos primeiros 45 dias ao combate à fome, que chegou antes da covid-19 nas favelas. Fornecemos cartões ticket alimentação para as famílias durante três meses para que pudessem ter o mínimo para sobreviverem: o alimento. Também atuamos na conscientização dessas famílias para que diminuíssemos o a proliferação do vírus entre os moradores nas favelas. Atualmente, voltamos nossos olhares para as nossas atividades de gestão, rotina e produção de conteúdo para nossas plataformas de cultura, esporte e qualificação profissional, porém para o modelo online.

RP2 - Como vocês atuaram para dar assistência para as pessoas na pandemia?

CG - Fornecendo itens de alimentação como cestas básicas e tickets alimentação, bem como itens de higiene pessoal e limpeza. Mas também atuamos na conscientização dessas famílias, fazendo chegar a informação da maneira como elas entendem.

RP2 - Em números, as arrecadações estão maiores nos últimos meses?

CG - Sim. Em resumo, em 2018, foram arrecadados ao longo dos 12 meses R$ 3,25 bilhões. Só no primeiro trimestre de pandemia no Brasil foram mais de R$ 5 bilhões. 

RP2 -Como empreendedor social, como você está vendo o atual cenário? As empresas acreditam mais nas ações?

CG - Acredito que as grandes empresas passaram a olhar com uma visão melhor o impacto social que elas podem provocar na sociedade brasileira. É claro que isso depende muito de quem está a frente, mas empresas como Ambev, PepsiCo, XP, entre outras, ofereceram uma enorme ajuda financeira e com outras frentes para o combate à fome e ao Covid-19. Em suma, eu estou vendo o atual momento como positivo para o 3º setor, pois organizadamente e sem o apoio do governo estamos conseguindo fazer chegar ajuda a quem precisa com o apoio de empresários e empresas engajadas socialmente.

RP2 - Quais as principais dificuldades que o empreendedorismo social, no Brasil, enfrenta?

CG - As dificuldades acabam sendo muitas, mas principalmente a desinformação sobre o trabalho dos empreendedores sociais. Uma das dificuldades que empreendedores sociais em favelas e periferias costumam enfrentar, por exemplo, é a brutalidade ou os abusos policiais. Recentemente, as favelas da Vila Prudente estão recebendo muitas incursões policiais e isso dificuldade nosso trabalho, pois gera uma insegurança no time.

RP2 - Após a pandemia, acredita em um novo ciclo do empreendedorismo social no Brasil?

CG - Eu tenho visto muitas pessoas com o desejo de criar uma ONG. Isso me gera um pouco de receio, pois nosso setor não é um mundo de arco-íris, pelo contrário, é muito suor, muita luta. Mas vejo isso, em algumas pessoas, com bons olhos. O Brasil sempre foi um país solidário e, talvez, agora esteja entendendo que a solidariedade aliada com gestão, tecnologia e engajamento das partes pode ser também um campo para empreender.




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