O Futebol Feminino no Brasil

Da ilegalidade até hoje, o Futebol Feminino no Brasil passou por muitas barreiras. Para conquistar uma parte dos investimentos dos principais clubes do país foi preciso passar pelo Estado e driblar preconceitos sociais. Hoje temos a Rainha do Futebol, Marta, mas ainda temos muito para conquistar.
Contra tudo e contra todos

Na década de 1920 surgem as primeiras referências do Futebol Feminino no Brasil. Não em clubes ou campeonatos, mas como atração de circo. A desculpa utilizada era de que o esporte era violento e incompatível com o corpo da mulher. Em 1941 o governo Getúlio Vargas proíbe que mulheres pratiquem esporte. Veja o que diz o decreto:

DECRETO-LEI N. 3.199 – DE 14 DE ABRIL DE 1941 CAPÍTULO IX: DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS Third tring / Second tring
Art. 54. Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país.
Em 1965, em plena Ditadura Militar, o decreto é novamente publicado. Somente em 1979 a lei é revogada e só em 1983 foi possível criar competições de futebol, utilizar estádios e pratica-lo em escolas.

Hoje, 2019, ainda temos muito a evoluir. Precisamos de uma liga profissional bem organizada, mais investimentos dos principais clubes do país, aceitação do grande público e mais espaço na mídia esportiva.
Mas se o Futebol Masculino já é hegemonia no país, por que não o feminino?

Países como Alemanha, Estados Unidos e França têm ligas fortes e seleções muito mais preparadas que o Brasil para competições internacionais. Por que, então, temos que ficar na dependência de surgimento de fenômenos como Marta, seis vezes reconhecida como a melhor jogadora do mundo e que precisou jogar em ligas estrangeiras para ser reconhecida? Não seria mais inteligente investir na formação de atletas de base? Afinal, somos ou não o tal “país do futebol”?
Marta Vieira da Silva

Alagoana, torcedora fanática do CSA, Marta sempre precisou jogar entre os meninos, enfrentou todo tipo de preconceitos e dificuldades para ser jogadora profissional, capitã e camisa 10 da Seleção Brasileira na Copa do Mundo 2019. História clássica de jogadores masculinos, mas com a grande diferença de que a mulher continua na luta por igualdade.
Atualmente, ela é embaixadora global da ONU – Mulheres na luta pela igualdade de gênero –
dentro e fora dos campos. Ao fazer o 17º gol em Copas do Mundo, Marta se tornou a maior artilheira das Copas, passando o alemão Miroslav Klose.

E por que, então, teve que jogar sem patrocínio? Sua chuteira, por exemplo, na clássica cor preta, só mostrava o símbolo de igual nas cores azul e rosa.
A campanha Go Equal procura chamar a atenção para a desigualdade de gênero no mundo. Marta, ao ser procurada por patrocinadores, não chegou sequer a valores similares a grandes atletas do futebol masculino. Por isso preferiu jogar sem patrocínio e dar ainda mais mídia à #GoEqual.

Aliás, o próprio desabafo de Marta, ao final do jogo das oitavas de final contra a França, quando fomos eliminados, pediu para que as futuras gerações de atletas não desistam, para buscarem mais, treinarem mais.
Resultados positivos

Ainda assim, com todos os problemas, ainda é possível tirar pontos positivos de nossa participação no Mundial Feminino. Pela primeira vez na história, os jogos foram transmitidos na televisão aberta. Os principais comentaristas e narradores foram escalados para a cobertura e houve muitas mulheres como repórteres e comentaristas. Até o uniforme utilizado pela Seleção Brasileira, pela primeira vez, foi produzido exclusivamente para a equipe feminina.

Algumas empresas, como o Grupo Boticário, modificaram seus horários para que seus
colaboradores pudessem assistir aos jogos do Brasil, assim como é comum acontecer em ano de Copa do Mundo Masculina.

A procura por aulas de futebol para meninas cresceu em todo o país, muito por causa da exposição do esporte na mídia e mais referências femininas no esporte, que até então praticamente só contava com a Marta.

Ou seja, o Futebol Feminino no Brasil está maior em 2019. Como em muitas áreas, ainda estamos atrás de europeus e americanos, mas podemos e devemos desenvolver e investir no esporte. Equipes de todo país já começaram projetos para equipes femininas. Nossa liga nacional promete ser mais organizada. O futuro do esporte merece ser mais justo com nossas atletas. Esperemos as próximas jogadas.

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